O Bigode – La Moustache (França, 2005), de Emmanuel Carrère. Baseado no livro homônimo escrito pelo próprio diretor.
Exibido no Festival do Rio de 2005 e infelizmente não distribuído em DVD no Brasil, O Bigode é um dos filmes mais criativos e inusuais da década.
Num dia qualquer, Marc decide tirar o bigode que é sua marca registrada há anos. Quando Agnès, sua mulher, volta das compras, não percebe nada de diferente. Quando ele pergunta a Agnès sobre a retirada do bigode, ela responde: “Você nunca teve bigode”; O mesmo acontece com os amigos e com os colegas de trabalho: ninguém
repara na mudança. O que seria isso? Será que Marc está ficando louco?
O que poderia parecer uma comédia engraçadinha, na verdade mostra como um simples bigode pode ser motivo de questionamento sobre a própria existência e sobre os mecanismos do universo.
A essência da história focaliza a questão da individualidade. Nos subterfúgios e nas comparações usadas para justificar quem somos e porque somos assim. Todos se alicerçam em algum objeto, pessoa ou idéia para se definir como pessoa e usa referenciais para explicar porque é assim ou assado.
Mas o que acontece quando um destes pontos de apoio simplesmente desaparece? Quando a verdade em que se acredita cegamente revela-se uma fraude? Ou quando alguém que é a razão do seu viver não existe mais?
Esta base em que alguém se apóia pode ser para um, o bigode, para outros a carreira, um desejo, um ideal ou uma pessoa. Como reagiríamos se nos tirassem o que ou quem nos é mais importante hoje? Carrère usa uma situação extrema para provocar a reflexão em coisas corriqueiras: o ser, os relacionamentos, a lucidez e a realidade. E o faz de maneira genialmente original.
Alberto said,
junho 1, 2009 @ 15:24
Danielle,
Como disse, ainda irei assistir!! De qualquer forma, ainda fico com Willy Wonka…rs